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Marx Puxa as Orelhas de Spolaor: Uma Crítica Ferrenha ao Populismo Eleitoreiro

Por JOÃO DARZONE - Presidente do Observatório Social de São Leopoldo

NOTA DO AUTOR:
O texto a seguir é uma obra de ficção que imagina uma crítica mordaz de Karl Marx ao discurso do candidato a prefeito Nelson Spolaor, proferido em 11 de abril de 2024, publicado em seu instragram: https://www.instagram.com/reel/C5jnLrlLXjX/:

DISCURSO DE NELSON SPOLAOR em 11/04/2024

Confronto de projeto e de sociedade que nós queremos viver.

O lado de lá são aqueles do ódio, da raiva, do preconceito, da discriminação, da perseguição, do autoritarismo.

É isso que está centrado nas duas candidaturas dos nossos dois adversários. São conceitos de sociedade. Nós, agora, com o presidente Lula, nós vamos ganhar as eleições para a gente efetivamente dar passos cada vez mais fundo no sentido de buscar uma sociedade igualitária, de buscar uma sociedade justa, de buscar na verdade uma sociedade que traga oportunidade para a nossa juventude, que gera emprego, que gera crescimento de desenvolvimento econômico, como nós sabemos fazer.

Como prefeito Vanazzi fez ter saído da décima-segunda economia para a sétima economia.

Mas que a gente, na verdade, olha esse crescimento sob o prisma da distribuição de renda, sob o prisma da igualdade, sob o olhar dos mais pobres, sob o olhar daqueles que têm a necessidade e o sonho de ter uma moradia digna sob o olhar e o sonho de quem luta para ter uma educação de qualidade.

E o nosso governo faz educação de qualidade sob o olhar de quem defende o Sistema Único de Saúde pra atender quem mais preciso que mais necessita.

Aqui em São Leopoldo o nosso projeto generoso vai ter continuidade, porque nós vamos sim, da companheira Ana, palmear cada espaço dessa cidade. Andar rua por rua, Andar casa por casa. Andar nas praças.

Companheiro nas ruas. Andar no centro da cidade. Mas se lá na Santa Marta é lá no sentido, é lá na Vila Braz Schutze e ir em todos os lugares, nós que sonhamos, que somos movidos a sonhos, nós que fizemos campanha com coração, que fizemos campanha com a paixão, que temos, um projeto generoso, Nós não abrimos mão de conquistar NEUSA a cada dia mais gente, cada dia mais povo da gente.

Da gente ir de um a um, criando na verdade, todos os dias mais companheiros e companheiras

Para a gente de fato, encantar.

As ruas dessa cidade, construir o nosso programa de governo, levar a nossa mensagem.

E a gente levar esperança, sonho e condições, na certeza de que São Leopoldo já andou muito sob a liderança do prefeito Vanazzi. E nós teremos muito desafio ainda para que São Leopoldo continue avançando na reeleição desse projeto. Um grande abraço, companheiros e companheiras, Vamos juntos construir essa história.

Eu tenho certeza absoluta que somos.

Nesta sátira política, invoco o espírito de Marx para analisar as contradições e falácias presentes no discurso de Spolaor, utilizando conceitos fundamentais da teoria marxista, como as relações sociais de produção, a luta de classes e a dominação burguesa.

Neste texto, tenta-se com ironia expor como o discurso de Spolaor contraria os preceitos de Marx e Weber, perpetuando a opressão da classe trabalhadora.

Ideia é dar um tom provocativo e instigante pelos bastidores da política, sob a perspectiva de um dos mais influentes pensadores da história. Boa Leitura.


Camaradas,

É com grande pesar que me vejo obrigado a tecer comentários sobre o discurso proferido por Nelson Spolaor, candidato a prefeito em São Leopoldo (RS), em 11 de abril de 2024.

Tal discurso me remete aos intermináveis e torturantes discursos de Fidel Castro, que em nada contribuíam para a luta contra as superestruturas opressoras, tão bem descritas por Antonio Gramsci.

Spolaor, representante de um governo que está há 20 anos no poder, não apresenta nada de revolucionário em sua gestão. Até pouco tempo atrás, sequer pagavam em dia o décimo-terceiro salário dos servidores municipais, demonstrando total descaso com a classe trabalhadora. A crise na saúde apenas se agravou, evidenciando a incapacidade desse governo em atender às necessidades básicas da população.

O pretenso salto do décimo-segundo para o sétimo lugar na economia do Estado não teve nenhum mérito da Prefeitura. Tal feito se deve às centenas de empreendedores que geraram o retorno de ICMS com suas atividades econômicas, enquanto a prefeitura apenas recebe, além do crédito fiscal correspondente, os louros por um trabalho que não realizou.

Nos últimos cinco anos, o IPTU aumentou mais de 50%, penalizando justamente os mais pobres, aqueles que mais necessitam do apoio do Estado. Um governo não se mede pela capacidade de proferir discursos chatos e enfadonhos, mas sim pela habilidade de unir os diferentes segmentos da sociedade em prol do bem comum.

Confesso que abomino discursos enfadonhos, desprovidos de conteúdo, em que a retórica se resume à consolidação do ego do discursante. Nada mais chato do que os discursos de Fidel Castro, que se estendiam por horas a fio, sem nada acrescentar à luta dos trabalhadores. É preciso que os líderes políticos se concentrem em ações concretas, em vez de se perderem em palavras vazias.

O discurso de Spolaor contraria os preceitos fundamentais das relações sociais de produção, tão bem analisadas por mim em meus estudos. Ao ignorar a importância do controle das relações de produção, Spolaor demonstra sua incapacidade de exercer um poder ideológico sobre a consciência coletiva, perpetuando assim a dominação da classe trabalhadora pela burguesia.

Além disso, o discurso de Spolaor carece de uma compreensão profunda das motivações subjacentes às ações sociais, algo que Max Weber enfatizou em sua sociologia compreensiva. Sem entender o sentido da ação social e as razões que levam os indivíduos a agirem de determinada maneira, é impossível construir uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária.

Por fim, é evidente que Spolaor não compreende a importância das relações sociais na transmissão de ideias, valores e comportamentos legitimados por uma sociedade. Ao ignorar esse aspecto fundamental da sociologia, ele demonstra sua incapacidade de liderar uma transformação social genuína, perpetuando assim as desigualdades e injustiças que assolam a classe trabalhadora.

Quando Spolaor afirma que “o lado de lá são aqueles do ódio, da raiva, do preconceito, da discriminação, da perseguição, do autoritarismo”, ele ignora completamente a luta de classes e o conflito inerente às relações sociais de produção no sistema capitalista. Essa visão simplista e maniqueísta não condiz com a realidade das relações sociais e econômicas.

Ao dizer que “nós, agora, com o presidente Lula, nós vamos ganhar as eleições para a gente efetivamente dar passos cada vez mais fundo no sentido de buscar uma sociedade igualitária, de buscar uma sociedade justa”, Spolaor demonstra uma compreensão rasa e equivocada do que realmente significa construir uma sociedade igualitária e justa.

É com grande indignação que venho criticar as ações dos governos Lula e Dilma, que, sob a falsa promessa de desenvolvimento econômico e justiça social, aprofundaram ainda mais o abismo entre ricos e pobres no Brasil.

Como noticiado na internet anos atrás, esses governos destinaram mais de 1,2 trilhões de reais a empresas amigas, como a JBS e a BRF, através do BNDES.

E como se não bastasse, em seu primeiro ano de governo de seu terceiro mandato, Lula já chamou suas empresas amigas, como noticiado em https://oantagonista.com.br/brasil/a-volta-das-empreiteiras-amigas-ao-bndes/, ampliando ainda mais o poderio do grande capital.

Essa atitude demonstra claramente que Lula não está comprometido com a emancipação da classe trabalhadora, mas sim com a manutenção do status quo e a perpetuação da dominação burguesa. É um verdadeiro absurdo que um governo que se diz de esquerda continue a favorecer os interesses do grande capital em detrimento dos trabalhadores.

Essa prática nefasta não só contraria os princípios básicos da luta de classes, como também perpetua a dominação da burguesia sobre o proletariado.

Ao favorecer grandes corporações em detrimento dos trabalhadores, Lula e Dilma demonstraram sua total subserviência ao capital e sua incapacidade de promover uma verdadeira transformação social.

Esses governos, que se diziam defensores dos interesses da classe trabalhadora, na verdade, atuaram como meros fantoches da burguesia, mantendo intactas as estruturas de opressão e exploração.

Sem uma transformação profunda nas relações sociais de produção, não é possível alcançar uma verdadeira igualdade e justiça social.

Spolaor também afirma que “olha esse crescimento sob o prisma da distribuição de renda, sob o prisma da igualdade, sob o olhar dos mais pobres”, mas ignora o fato de que a distribuição de renda e a igualdade só podem ser alcançadas através da superação do sistema capitalista e da abolição da propriedade privada dos meios de produção. Sem essa transformação estrutural, qualquer tentativa de distribuição de renda será apenas paliativa e não resolverá as contradições inerentes ao capitalismo.

Quando Spolaor diz que “nós que sonhamos, que somos movidos a sonhos, nós que fizemos campanha com coração, que fizemos campanha com a paixão, que temos, um projeto generoso”, ele recai em um discurso vazio e sentimentalista, que não aborda as questões concretas e materiais que afetam a vida da classe trabalhadora. Sonhos e paixão não são suficientes para transformar a realidade social; é preciso uma análise crítica das relações sociais de produção e uma ação revolucionária para superar o sistema capitalista.

Por fim, ao afirmar que “São Leopoldo já andou muito sob a liderança do prefeito Vanazzi” e que “nós teremos muito desafio ainda para que São Leopoldo continue avançando na reeleição desse projeto”, Spolaor demonstra sua incapacidade de romper com a lógica do poder estabelecido e propor uma transformação radical da sociedade. A mera continuidade de um projeto político, sem uma crítica profunda das relações sociais de produção, não levará à emancipação da classe trabalhadora.

A democracia é o melhor regime para se fazer críticas, pois permite a livre expressão de ideias e opiniões.

No entanto, infelizmente, no Brasil, não se pode dizer que haja uma democracia plena, já que diferentes opiniões são frequentemente caladas pelo que se chama de “decisão monocrática” ou “decisão do colegiado”.

O discurso de Spolaor resume-se apenas a suprimir a voz daqueles que pensam diferente, ignorando que jamais preguei a aniquilação dos contrários, mas sim a superação dialética das contradições sociais.

Ao observar a plateia durante o discurso de Spolaor, fico atônito com o tédio estampado nas expressões dos presentes. Muitos, sentados de lado, olham para baixo, enquanto outros, disfarçadamente, mantêm os olhos direcionados às telas de seus celulares, tentando suportar a fala enfadonha do líder.

Até mesmo Nestor, seu companheiro de partido, parece não conseguir aguentar e, aos 2 minutos e 29 segundos do vídeo, demonstra uma irresistível vontade de bocejar. Esse desinteresse generalizado é um claro reflexo da falta de substância e relevância do discurso de Spolaor, que se limita a repetir chavões e promessas vazias, sem apresentar uma análise crítica da realidade social e econômica.

É preciso que a classe trabalhadora se una e lute contra esse sistema opressor, que privilegia os interesses da burguesia em detrimento dos mais necessitados. Somente através da luta de classes e da conscientização das massas poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária, onde a democracia seja plena e as vozes dissonantes possam ser ouvidas e respeitadas.

Avante, camaradas! A luta continua!

Karl Marx

https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2017/05/23/internas_economia,871042/saiba-como-a-jbs-sugou-o-bndes-para-expandir-seus-negocios.shtml

https://oantagonista.com.br/brasil/a-volta-das-empreiteiras-amigas-ao-bndes/

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/03/21/analise-bndes-gastou-r-12-tri-com-empresas-amigas-como-jbs-e-brf.htm,

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