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Canoas registra apenas um caso de leptospirose neste ano

Levantamento foi divulgado pela Diretoria de Vigilância em Saúde do município

Enquanto a Prefeitura de Canoas, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), mobiliza-se para concluir os hospitais de campanha e destinar 932 leitos para o tratamento de pacientes com Covid-19, um levantamento realizado no município aponta resultados positivos do combate à outra doença. A leptospirose, causada por uma bactéria que está presente, sobretudo, na urina de ratos, é uma infecção potencialmente grave e contraída a partir do contato com água contaminada ou lama de enchente que, em condições precárias de infraestrutura sanitária, geram maior risco de proliferação.

De acordo com a análise divulgada pela Unidade de Epidemiologia e Informação da Diretoria Municipal de Vigilância em Saúde, ocorreram quatro notificações de leptospirose neste ano em Canoas, sendo que apenas uma foi confirmada até o momento. Os dados apontam, ainda, uma queda significativa dos casos notificados nos últimos cinco anos, revelando que enquanto 2015 e 2016 tiveram, em média, 83 notificações, de 2017 a 2019 o número baixou 45%. A incidência a cada 100 mil habitantes passou de 9,37 em 2015 para 2,33 em 2017, 3,48 em 2018 e 4,04 no último ano.

O prefeito Luiz Carlos Busato reforça a importância do trabalho conjunto entre várias secretarias para a redução dos índices. “Além do trabalho realizado pela Secretaria da Saúde, devemos destacar também o grande trabalho de combate aos alagamentos, realizado desde 2017, e também ao enfrentamento ao descarte irregular de lixo e implantação da Usina de Reciclagem da Construção Civil”, destaca Busato.

Segundo o médico veterinário da Vigilância em Antropozoonoses, Roger Halla, dentre os fatores que explicam a queda nos índices da doença estão o trabalho dos agentes de conscientização sobre o descarte irregular de lixo, mudanças climáticas, investimentos em drenagem urbana e, consequentemente, diminuição dos alagamentos em grande parte da cidade. “A vigilância atua em conjunto com a rede de saúde para que os diagnósticos ocorram de forma precoce e evitem óbitos. Também buscamos sensibilizar a comunidade sobre o risco do contato com roedores e a necessidade de medidas de antiratização”, afirma.

Controle dos roedores

A SMS dispõe de um departamento voltado ao controle de doenças infecciosas capazes de serem naturalmente transmitidas entre animais e seres humanos. O médico veterinário Delmar Bizani, responsável técnico pelo setor de Controle de Zoonoses, explica que quando há casos suspeitos nos hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou de Pronto Atendimento (UPAs), amostras são enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen) para a testagem e, então, pode ocorrer a notificação. A equipe de controle é acionada para realizar o bloqueio químico com hipoclorito e desinfectar a superfície do solo como medida para proteger a população e os agentes que vão montar a área de monitoramento.

O sítio de controle é montado com o raio de 150 metros a partir do local descrito na notificação, a fim de que se inicie a iscagem e sejam identificados todos os sinais de presença dos animais indesejados, como tocas e rastros de pegada. Os bueiros recebem blocos de raticida atados com fio em estacas para que o roedor insira o veneno e não saia do local. “A cada 15 dias, temos que refazer o sítio, repondo o que já foi consumido até que o consumo dos raticidas fique abaixo de 10% do que foi constatado inicialmente”, explica Bizani.

O médico veterinário também chama atenção sobre um fenômeno provocado por um longo período de chuvas ou perda das iscas colocadas, conhecido como boomerang. “O objetivo da equipe não é exterminar os roedores, mas controlar a população para que não haja transmissão de doenças. Às vezes, temos maior dificuldade por causa desse efeito que em um curto espaço de tempo pode triplicar a população dos animais”, revela.

No momento, Canoas possui 25 sítios de roedores espalhados pelos bairros Guajuviras, Niterói, Rio Branco, Mathias Velho e Olaria. Há áreas que, devido ao controle ambiental, recebem cuidados específicos como o Quilombo da Chácara das Rosas, localizado próximo ao Parque Municipal Getúlio Vargas.

Sintomas da leptospirose

Os sintomas geralmente aparecem entre uma semana e 14 dias após o contato, mas podem se manifestar até 30 dias após a contaminação. Dentre os mais recorrentes, estão febre alta (mais de 39ºC), dores de cabeça, musculares e nas costas, dificuldade de andar ou urinar, náusea, vômito, icterícia, tosse e problemas respiratórios.

O que fazer após a suspeita de leptospirose

O indivíduo que tiver estes sintomas após contato com alagamentos, enchentes, banhos de rio e açude, limpeza de fossa, caixas de gordura ou lixo, deve procurar imediatamente a UBS ou UPA mais próxima. Ao ser atendido, é importante informar ao profissional que teve contato com alagamento, enchente e locais que possam estar contaminados com urina de rato.

Prevenção à doença

Evite contato com águas de enchente, alagamentos ou lamas, pois quanto mais tempo em contato com essas substâncias maior a chance de contágio da leptospirose. Ao mexer no lixo, fossas, hortas, caixas de gordura ou ao limpar os resíduos do alagamento, utilize sempre luvas de borracha ou sacos plásticos e botas.

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