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Caxias deixará de vacinar 40 mil bovinos contra a febre aftosa

Ministério da Agricultura declarou Rio Grande do Sul como zona livre da doença sem vacinação

O Município de Caxias do Sul deixará de vacinar cerca de 40 mil bovinos contra a febre aftosa. Segundo a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, a Instrução Normativa (IN) 52, assinada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na terça-feira (11/8), reconhece o Estado como zona livre de vacinação contra a febre aftosa – uma antiga reivindicação do setor pecuário. A mudança passa a vigorar em 1° de setembro e a IN deve ser publicada no Diário Oficial da União.

O médico veterinário da SMAPA, Fernando Vissirini Lahm dos Reis, alerta para três aspectos importantes da nova realidade: sanitário, econômico e comercial. “Na questão sanitária, é preciso destacar o trabalho preventivo da Inspetoria Veterinária, órgão estadual coordenado na região pela médica veterinária Luíza Virgínia Caon, que vem há anos fazendo quase que uma ‘mágica’ para ter o controle da erradicação da vacina, lutando contra a falta de estrutura. Inúmeras vezes a SMAPA auxiliou com pessoal e equipamentos para que ela conseguisse essa prevenção no rebanho local. É um trabalho digno de registro”, diz.

Há também uma mudança de caráter econômico. Segundo Vissirini, com o tempo as vacinas deixaram de ser subsidiadas pelo Estado e ultimamente o produtor precisava comprá-las nos estabelecimentos credenciados e fazer a aplicação. “Isto sempre gerava um custo adicional, sem falar no risco de um animal adoecer e precisar ser abatido, gerando transtornos, comoção e perdas econômicas”, observa, lembrando o caso do Município de Joia, onde ocorreu um surto em 2000, resultando em cerca de 11 mil animais sacrificados.

O principal objetivo de todo esforço está nos avanços de ordem comercial. “Vai abrir o mercado interno e principalmente o mercado mundial em cerca de 70%, pois cessam restrições que a vacina gerava às exportações”, afirma. No entanto, o médico veterinário, técnico com mais de 40 anos de experiência, faz um alerta: é necessário o compromisso das partes envolvidas. “Município, Estado e União precisam se responsabilizar juntamente com o produtor rural de forma contínua, promovendo ações educativas com foco na informação. O pecuarista, os profissionais da área e o consumidor têm que estar continuamente informados sobre o porquê da zona livre de vacinação contra aftosa ser tão importante. É toda uma cadeia envolvida”, frisa.

O titular da SMAPA, Valmir Susin, reforça a importância da cadeia de produção. “Vamos seguir trabalhando em parceria com a Inspetoria Veterinária para manter a erradicação da doença, pois qualquer problema comprometeria todo um contexto econômico. Até mesmo a produção de hortigranjeiros fica comprometida no caso de um surto, pois viriam as restrições de circulação de caminhões, prejudicando a comercialização de uma série de produtos agropecuários”, destaca o secretário. Ele também acredita no crescimento das exportações de carne, gerando novos mercados para os gaúchos

Para a coordenadora da Inspetoria Veterinária sediada em Caxias do Sul, médica veterinária Luíza Virgínia Caon, a nova realidade muda a ferramenta de controle. “Sai a vacina e entra a notificação. Mais do que nunca, continua a vigilância sanitária sobre o rebanho. Os produtores rurais precisarão prosseguir muito atentos aos sintomas da febre aftosa: aftas na região da boca do animal, ocorrência de baba e perda de peso, entre outras. Para nós que atuamos no setor, a zona livre de vacinação é uma notícia muito bem-vinda. Santa Catarina, por exemplo, já havia conquistado esse status há mais de dez anos”, diz. De acordo com a Inspetoria Veterinária, o Município possui um rebanho de 40 mil bovinos e 8 mil suínos, animais que também são suscetíveis à doença – assim como ovelhas, cabras e búfalos (todos animais de casco bipartido).

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